Concretismo

O Concretismo no Brasil

O Concretismo foi um movimento artístico e literário que surgiu na década de 1950 no Brasil, influenciado pelas correntes contemporâneas europeias, como o Construtivismo e o Concretismo. Na literatura, o Concretismo se destacou pela valorização da forma, da estrutura e da linguagem, buscando uma objetividade e racionalidade na composição dos textos. Em todas as expressões artísticas, seja nas artes visuais, na literatura ou em outra forma de arte, o Concretismo se caracterizou pela abstração geométrica, pela ênfase nas formas simples e pela organização precisa dos elementos visuais. Sacilotto - um dos principais representantes desse movimento no Brasil - conhecido por suas obras que exploravam a geometria, o contraste de cores e a composição abstrata. Foi, também, um pioneiro na arte concreta brasileira, contribuindo significativamente para a consolidação do movimento no país. Suas obras são marcadas pela precisão geométrica, pela simplicidade das formas e pela busca por uma linguagem visual despojada de elementos supérfluos. Tanto na literatura quanto na arte, o Concretismo no Brasil representou uma ruptura com as formas tradicionais de expressão, valorizando a objetividade, a racionalidade e a experimentação formal. Luiz Sacilotto é um exemplo emblemático desse movimento, cujo legado continua a influenciar artistas e escritores até os dias de hoje.

O concretismo de Luiz Sacilotto

Inicialmente, as obras de Sacilotto eram figurativas, mas ele gradualmente se afastou da representação do mundo. Em 1955, adotou o título Concreção para suas obras, seguido por quatro números referentes ao ano e à sequência de execução. Por exemplo, obra específica Concreção 5629, criada em 1956, marca a maturidade artística de Sacilotto. Essa obra, composta por 38 triângulos equiláteros pretos sobre fundo branco em placas de alumínio descartadas, participou da histórica Exposição Nacional de Arte Concreta em 1956, no museu de Arte Moderna de São Paulo. A obra reflete os princípios da arte concreta, como o uso de formas geométricas e a repetição, destacando-se pela inovação no suporte utilizado pelo artista.

Figura 9 - Concreção 5629 de 1956

Figura 9 - Concreção 5629 de 1956
Concreção 5629, 1956 Luiz Sacilotto Esmalte sintético sobre alumínio, c.i.d. 60,00 cm x 80,00 cm Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.
Concreção 5629 representa o momento em que Luiz Sacilotto explora o tridimensional em sua arte. O uso de alumínio como suporte permitiu cortes e dobras, transformando a obra de 1956 em um relevo. Apesar de os detalhes técnicos não serem especificados, os triângulos pretos estão ligeiramente elevados, distando 0,4 centímetros da superfície branca de 60 x 80 cm. Essa pequena medida altera a dinâmica entre os elementos da obra e sua relação com o mundo. A partir dessa peça, Sacilotto passa a considerar variáveis ambientais como luz e sombra, sugerindo que a obra reivindica ser uma presença no mundo, não apenas uma representação. No ano seguinte, em 1957, o artista cria suas primeiras esculturas em alumínio, ferro e latão, que eventualmente se tornam obras públicas. Pelos dos vazados em suas estruturas, essas esculturas e relevos proporcionam uma nova perspectiva para observar o mundo e interagir com o espaço, marcando uma contribuição significativa de Sacilotto para a arte. Em uma entrevista com Nelson Aguilar, Ele destaca a importância dos espaços vazios, afirmando que eles têm a mesma relevância que os espaços preenchidos.

Entrevista a Nelson Aguilar

Sacilotto, o saber operário do Concretismo Folha de S.Paulo (Ilustrada) - 20.04.1988 [...] E as esculturas? Você trabalha com formas vazadas. O vazio tem uma importância muito grande. O ar é parte substancial. O vazio é um componente. A origem, uma boa parte dessas esculturas vem de minha proposta: dentro de uma superfície plana através do corte e da dobra, transformar o espaço. [...]

Algumas esculturas intituladas Concreção, de Luiz Sacilotto

Nos títulos das obras de Luiz Sacilotto, como Concreção 5629, os números geralmente têm significados específicos além de servirem como identificadores únicos para cada obra dentro de uma série. Esses títulos numéricos também refletem a abordagem objetiva e racional do Concretismo, movimento artístico ao qual Sacilotto estava associado. Em vez de títulos descritivos que sugerem uma interpretação específica da obra, os títulos numéricos mantêm uma neutralidade, deixando a interpretação visual da obra para o observador.

Figura 10 - Concreção 5730

Figura 10 - Concreção 5730
Concreção 5730, 1957 Luiz Sacilotto Alumínio Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Figura 11 - Concreção, 1958

Figura 11 - Concreção, 1958
Concreção, 1958 Luiz Sacilotto Alumínio pintado 25,00 cm x 25,00 cm Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Figura 12 - Concreção 5839

Figura 12 - Concreção 5839
Concreção 5839, 1958 Luiz Sacilotto Alumínio pintado 40,00 cm x 50,00 cm Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Figura 13 - Concreção 5840

Figura 13 - Concreção 5840
Concreção 5840, 1958 Luiz Sacilotto Ferro pintado 100,00 cm x 35,00 cm Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Figura 14 - Concreção, 1959

Figura 14 - Concreção, 1959
Concreção, 1959 Luiz Sacilotto Alumínio lixado 70,00 cm x 70,00 cm Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Figura 15 - Concreção 5941

Figura 15 - Concreção 5941
Concreção 5941, 1959 Luiz Sacilotto Alumínio pintado 51,00 cm x 38,00 cm Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.